Assim que eu cheguei a minha
cidade, eu me deparei com algo um pouco fora do normal. Uma grande ventania
abalava toda a zona Noroeste, onde coincidentemente ficava minha casa, no
início eu não dei muita bola já que era normal ter ventanias na cidade, eu só
me intriguei devido o vento ser quase visível como se fosse uma pessoa feita de
vento. O portal de Ulisses me levou ao portal de entrada na zona Leste eu tive
percorrer um bom caminho a pé. James permitiu que eu ficasse com a espada então
eu a carregava a todo o momento. Como era minha única arma eu me preocupava
bastante com ela mas no fim do ano passado eu já a manejava muito bem, portanto
eu sabia cada movimento que eu necessitaria usar em caso de emergência.
Eu caminhei por alguns minutos até
um carro passar e eu obviamente pedir carona. Eu falei:
–Bom dia amigo, você poderia me
dar uma carona até a zona noroeste da cidade?
–Desculpe-me, mas o máximo que eu
posso te levar é no Centro – falou o motorista com um ar bastante natural, como
se nos conhecêssemos há bastante tempo.
–Eu aceito – entrei no carro e
coloquei a mochila (onde eu guardava minha espada) aos meus pés, onde eu
poderia ter acesso a espada rapidamente caso precisasse.
A viagem até o centro foi
tranquila; basicamente não tinha muito trânsito até onde o rapaz iria me
deixar. Depois que ele me deixou no centro eu agradeci e fui andando até o
ponto de ônibus mais próximo. Peguei um ônibus que levava a zona norte; quando
cheguei ao meu destino comecei a caminhar a pé até minha casa. Tenho que
confessar que se aquela situação tivesse acontecido em 2006 ou no início de
2007 eu não teria aguentado, mas depois de passar um ano recebendo treinamento
de Elite eu mal soei.
Quando eu cheguei mais perto
percebi que realmente se podia ver o ar, era como se eles estivessem em
conflito. Eu comecei a sentir a presença de algo mal, mas ao mesmo tempo algo
inofensivo. Eu comecei a correr até a rua da minha casa, onde avia maior
concentração dos ventos, e corri até o ponto mais próximo que consegui.
Assim que cheguei próximo de casa,
vi uma cena um pouco anormal, até mesmo para os Caçadores. Se você já
presenciou uma briga você tem mais ou menos uma noção do que estava
acontecendo. Imagine o cara mais forte da sua escola trabalho ou qualquer outro
lugar; agora imagine seis caras um pouco fortes lutando contra o cara mais
forte; agora imagine que eles estão voando e eles são feitos literalmente de
ar. Era isso que estava acontecendo. Assim que eu presenciei a cena eu
reconheci o cara mais forte, era o deus egípcio dos ventos: Shu. Os outros
caras eram espíritos das tempestades Romanos chamados de Ventis.
Assim que eu os vi eu pensei mil
coisas ao mesmo tempo, por isso eu parei, mas assim que um dos Ventis percebeu a minha presença relinchou
para os outros – pois estava na forma de cavalo – e todos se viraram. Logo em
seguida três Ventis em forma
de cavalo e um Venti na forma
de humano avançaram para cima de mim, em quanto isso, Shu estava lutando com os
que ficaram. Eu não tive tempo de pensar direito, caso contrário não me
arriscaria tanto, mas eu usei um dos únicos truques que eu aprendi a executar
com êxito: a miragem.
Em um segundo eu estava na calçada
observando tudo, no outro estava do outro lado da rua avançando em direção aos Ventis que atacaram a miragem que
eu deixei. Logo todos os quatro estavam em sua forma sólida tentando me
machucar sem conseguir. Então num passe de mágica eu apunhalei cada um dos Ventis e cada um se desfez em pó.
Os outros dois fugiram, e Shu desceu em sua
forma mais humana possível. Ele então disse:
–Bom trabalho garoto – falou com
ar de superioridade, mas também orgulhoso por mim – Você irá se tornar um
grande mago se continuar assim.
–Mas eu ainda não escolhi o Sangue
egípcio – falei com os olhos semicerrados. – Ainda estou no meu primeiro ano.
–Pois bem – retrucou Shu, eu não
poderia dizer qual era a expressão dele já que ele era basicamente Ar dentro de
uma roupa – você deveria desde já escolher o lado egípcio, pois caso ainda não
saiba é o melhor.
–Bem já que diz isso... – falei
com indiferença – Afinal, por que você está aqui?
–Fui encarregado pelo próprio Rá
de proteger a família de um mago talentoso, no caso você – falou ele
satisfeito.
–Bem até quando? –falei já
preocupado com um possível retorno dos Venti.
–Até que você retorne para
Brasília. – respondeu Shu.
–Nesse caso você pode ficar de
guarda que eu vou comemorar minha festa de aniversário... –falei me dirigindo
para minha antiga casa. – Você gostaria de se juntar a nós?
–Claro, mas quem fica de guarda?
–Não se preocupe eu vou usar um
encantamento para ocultar a casa.
–Neste caso vamos – então Shu
começou a voar e me levou pelos ares até a minha casa.
Assim que eu entrei minha mãe estava
me esperando, junto com meu irmão John. Minha avó também estava lá, mas ela não
me viu.
Depois de muitos abraços e beijos
da minha mãe e um tapinha nas costas do meu irmão e apresentei meu amigo
“Twister” e disse que ele passaria o meu aniversário comigo, minha mãe não
reclamou e nós entramos. Almoçamos e comemos um bolo, mas assim que eu ia ver
minha avó (que estava muito doente, por isso não se confraternizou conosco), um
portal se abriu na minha frente e eu entrei – eu não tive tempo de parar. Lá
dentro era o vazio total. Eu estava preso; preso pela escuridão... a escuridão
do Duat.
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