Powered By Blogger

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Capitulo XVI – Fogo e Gelo

Eu rapidamente levantei do banco, pulei da toca, Corri até o topo do pequeno morro, e vi o impossível. Um mundo incendiado de um lado e um mundo congelado no outro. Eu vi duas pessoas caminhando em cada lado. Do lado do Fogo vi a que devia ser Coral, passeando no fogo, com a companhia de um rapaz. Do lado do Gelo vi a que deveria ser Aurora passeando com a companhia de um rapaz que devia ser seu aprendiz. Elas riam em voz alta. Vi no muro que dividia tudo que havia um Elfo do bem, e um humano na companhia de um Jovem que estava com uma águia no braço, que logo reconheci como Altair o grande Mago e Espirito dos Animais, além de dois vampiros e um cara baixo que estava com a cara no que sobrou da terra. Achei que ele fosse Enturã, o falso espírito da Terra. Ele estava provavelmente tentando invocar Adertanaim I e II. Depois de certo tempo vi que eles estavam escolhendo seus lados e pulando em seus novos lares. Altair e seus seguidores foram para o lado do fogo, os vampiros para o gelo, E Enturã ficou no muro. Os índios me puxaram e me levaram para fora da “Vida Selvagem” dizendo:
–Essa luta não é sua.
–Fique calmo, você não precisa se envolver.
–Vamos deixa-lo a salvo.
Depois dessa última frase eles me apagaram. Eu acordei no local da batalha do dia anterior ao lado dos meus amigos. Madison estava acordada olhando para a floresta que parecia imaculada. Ela olhou pra mim e sussurrou:
–Você também teve o mesmo sonho? – falou ela sem piscar.
–Sim, mas acho que não foi um sonho.  – falei sinceramente.
–Pode ter sido manipulação daquele Elfo Negro. – falou ela apresentando essa possibilidade.
–Ou pode ter acontecido – respondi com total convicção.
–Essa história é surreal de mais até para nós – retrucou Madison.
–Pode até ser, mas por precaução é melhor sairmos daqui.
–Por mim tudo bem... Pietro e os outros já estão acordando, é melhor disfarçarmos e não contar nada.
Nesse instante Pietro se levantou e foi até nós. Ele se sentou e disse:
–Acha que o Elfo foi morto pelo sol?
–Duvido – respondi – Mas não podemos passar mais uma noite aqui para descobrir, é melhor voltarmos logo e pedirmos para outros caçadores voltarem e averiguarem melhor.
–Ok – foi a resposta de Pietro – lá vem o portal.
O portal negro apareceu sobre nós e Pietro carregou Clarck, Madison Vitória, e eu levei as coisas de todos.
...
Do outro Lado, Douglas nos esperava, e assim que viu nossas expressões Chamou o Senhor Jacob. Eu pedi pra que ele chamasse o Capitão Ulisses, mas ele respondeu que ele estava numa reunião com os Chefões da CDM. Eu pedi para ele marcar uma reunião com ele para mim.
Nós relatamos a missão para o senhor Jacob e ele nos encaminhou para os treinos normais. No fui do dia eu tomei um banho no meu dormitório – que eu dividia com Clarck e Pietro – e depois fui direto pra sala do Capitão Ulisses. Ele me recebeu com um aperto de mão muito louco que a gente inventou quando treinávamos juntos, e disse:
 –Devon – falou o Capitão sorrindo – a quanto tempo. Sente-se. Soube que foi em uma missão.
–Olá treinador. – falei um pouco desconfortado, e me sentei – Senhor Michel... eu queria ir direto ao ponto. O senhor já ouviu falar sobra “Vida Selvagem”?
Ele me encarou feio, tanto por telo chamado pelo nome, quanto pela pergunta que eu havia feito.
–Uma vez – falou ríspido – Um antigo caçador da CDM, que ficou louco, disse já ter ido numa floresta com índios, espíritos da natureza coisa  tal. Ele nunca conseguiu provar que o lugar existia, e acabou sendo desligado dos Caçadores. Ele amanheceu morto no seu apartamento um dia depois. Mas, por que seu interesse repentino nesse assunto?
–Eu fui até lá – fali com medo – mas não fui sozinho. Madison também foi, e eu vi uma guerra. Não pode ser coincidência.
–Realmente. – falou ele balançando a cabeça – Mas alguns caçadores foram ao local que o Caçador disse ter entrado no reino de “Vida Selvagem”, mas não encontraram nada, e por isso ele foi desligado.
–Acho que o senhor já deve ter ouvido sobre nossa aventura.
–Sim – respondeu Ulisses – o professor Jacob comentou com alguns Caçadores... inclusive a equipe Gama.
–Quem – falei confuso.
–A equipe de Tomas. – falou sorrindo – E a propósito, eles ficarão orgulhosos dos relatos que ouviram. Jane até chegou a te compara com Shaka Zulu.
–Ele não era um soldado? – perguntei.
–Sim, ele era líder de uma tribo Zulu. – falou o Capitão – Ele inventou a técnica de usar a lança curta para atacar o inimigo, ao invés de arremessa-la. Mas isso não é importante agora.
–E o que seria importante?
–“Vida Selvagem” e a guerra de fogo e gelo.
–O quê? – falei confuso – Eu não falei uma palavra sobre Fogo e Gelo.
–Nem precisa – falou o professor – Sabe o Caçador que eu te falei? Bem, ele disse que leu os agouros do mago Altair, e viu que neles estava escrito que haveria uma guerra entre fogo e gelo. Nós não acreditamos, mas se você disse que esteve lá, achei que poderia estar relacionado.
–A final de contas – disse tentando persuadir o capitão – O que diziam os Agouros?
–Dizia mais ou menos assim – ele forçou um pouco a garganta e continuou – “O Gelo e Fogo um acordo farão, mas devido os habitantes em guerra entrarão, os vampiros no gelo vão ficar, e os demais espírito tentarão se rebelar, uma nova guerra terá início, e o fim da ‘vida selvagem’ será definido”. Era mais ou menos isso que o Caçador disse ter lido.
–Creio que teremos que intervir nessa guerra. – falei sério.
–Bem Devon – começou o Capitão, eu apostava que ele daria um sermão – Você é alguém de confiança, mas nem os caçadores mais experientes conseguirão encontrar resquícios de uma possível “Vida Selvagem”. Acho que você deve ter delirado, ou algo do tipo, talvez tenha lido sobre o assunto e depois teve o sonho. Existem milhões de possibilidades que reprovarão qualquer pedido seu ao “chefe”.
–E se a Equipe Gama for? – falei esperançoso – Eles são meus amigos e tenho certeza que irão.
–Por mim tudo bem. – falou o Capitão – Mas por precaução eu também irei.
–Obrigado senhor – fiz uma continência me pondo de pé.
–E Devon...
–Sim senhor?

–Tome cuidado com a “Vida Selvagem”.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Capitulo XVII - Paranoia

No dia seguinte, eu acordei muito estranho. Mal havia acabado o banho e Douglas solicitou minha presença no saguão. Pietro já estava acordado e me acompanhou até lá, pois era dia de folga nos treinos, e ele geralmente os usava para visitar Alexandra e Gabriel. Quando chegamos ao saguão, Pietro se despediu e foi para o dormitório dos aprendizes “normais”. Eu fui falar com Douglas, que me enviou para a sala do “chefe”. Eu ainda não o havia vencido, mas cheguei tão perto que comecei a ficar com um certo remorso.
Quando entrei lá, o “chefe”, juntamente a Thomas e ao senhor Michel, me aguardavam, com os semblantes muito caídos. Ao me verem entrar, se levantaram, se entreolhara e Thomas começou a falar:
–Devon... Como eu posso te explicar?
Nesse instante o “chefe” se virou e olhou fixamente a parede. Então Thomas continuou.
–Bem, Devon... – disse hesitante – Nós tentamos ir para o local que você disse ser “Vida Selvagem”, e, bem... Não conseguimos entrar no Alasca. Ele está fora de alcance dos Caçadores. É como se o Alasca estivesse bloqueado. Os portais não conseguem mais abrir por lá. Seja lá o que vocês tenham feito vocês impediram que qualquer um investigasse.
–Senhor Thomas – falei olhando para baixo – Qual o local mais próximo do Alasca que conseguimos chegar?
–A cem quilômetros da fronteira entre Canadá e Alasca.
Eu olhei para baixo pensativo. Cem quilômetros era a quilometragem ideal, para que eu e minha equipe realizássemos uma missão de infiltração. Eu já esquematizava os planos na minha mente quando Thomas disse:
–Nem pense nisso – falou ríspido.
–Você nem sabe o que eu estou pensando – respondi meio em duvida.
–Você quer ir para o Alasca de novo. – falou calmamente – Mas você não vai.
–Por que não? – falei como se fosse uma vítima – Eu consigo.
–Ninguém vai se arriscar. – falou Capitão Ulisses – Inclusive, para garantir que você não tente ir escondido – pois eu conheço o seu gênio forte Devon – eu entrei em contato com Fábio.
–Quem é Fábio? – falei confuso.
–Oh você não o chamou – falou o “chefe” olhando para Ulisses seriamente – É claro que chamou. Você é louco.
–É sério, quem é Fábio? – falei curioso.
–Um dos “Mestres da Elite” – respondeu o “chefe” – Eles são tipo, substitutos de qualquer “Caçador dos Três”. Por exemplo, Fábio é o substituto de Shaka, o caçador de Prata.
–O nome do caçador de prata é o mesmo daquele líder Zulu? – perguntei vidrado.
–Sim – respondeu o “chefe” francamente – Os Três sempre recebem nomes de grandes guerreiros.
–Ok – respondi mudando de assunto – Quem é o tal Fábio, exatamente?
–É um dos treinadores de Elite mais duro. – falou Thomas.
–E vocês vão me deixar com ele? – perguntei torcendo que fosse uma piada.
–Sim – respondeu Ulisses – E é melhor você dar um sorrisinho, pois ele já está o aguardando.
Eu dei um sorriso forçado e me virei para a porta, Ulisses me entregou um papel e disse as instruções para que eu chegasse à sala dele.
Eu saí de lá e encontrei Pietro que estava sentado no banco de espera conversando com Douglas sobre futebol. Ao me ver, Pietro se levantou e disse:
–A turma de treinamento normal saiu numa espécie de excursão – disse ele desanimado – então, temos o dia livre hoje, tá a fim de ir ao shopping azarar umas garotas?
–Tenho treinamento com um tal de Fábio. – respondi tristemente – Quer vir?
–Na hora – respondeu Pietro prontamente
–Sério – falei confuso
–É cara – respondeu ele sinceramente – eu não vou sair sozinho quando meu melhor amigo fica tendo uma aula no dia de folga.
–Valeu mesmo velho – falei com gratidão nos olhos – Você é um amigo mesmo.
–Eu sei – falou ele “modestamente”
Nós rimos e seguimos em direção à sala de Fábio.
...
Estávamos entre a vida e a morte. Sim, naquele momento eu concordava com o “chefe”. O capitão Ulisses era realmente louco.
Assim que chegamos à sala, uma hidra caiu bem a nossa frente, e um cavalo veio correndo até nós. Por sorte um cara forte ficou na frente e imobilizou o bicho – que era duas vezes o tamanho de um cavalo normal – e depois usou a carcaça como escudo para uma saraiva de flechas, ele correu até a carcaça de outro monstro onde havia uma espécie de arsenal de armas. Ele fez um sinal com a mão para que fossemos até onde ele estava.
Ele fizera uma barricada com a carcaça do que havia outrora sido uma Quimera. Ele estava com uma espécie de pistola laser, ou algo do tipo, atirando em varias uraei. Nós nos agachamos junto a ele, depois ele disse:
–Algum de vocês deve ser o DJ – falou ele em quanto mudava de armas e começava a atirar em um dragão que apareceu do nada – Prazer, sou o Tenente Fábio.
–Prazer... e, pode me chamar de Devon mesmo. – Falei de boca aberta com os tiros que ele dava.
–Bem, vocês vão me ajudar ou não? – Perguntou ele apontando algumas armas no chão.
–Com certeza – disse Pietro em um sorriso pegando uma espada Romana e partindo pra cima do dragão.
Eu fiz o mesmo, só que escolhi uma lança, e peguei um elmo emplumado. Pari pra cima de uma matilha de lobos Nórdicos que estavam se alimentando com a carne de algum outro monstro. Matei cinco e dois correram. Depois disso um lobisomem pulou em mim. Eu não sei de onde ele veio, mas rasgou uma parte da minha pele, na região do ombro. Eu cai no chão e ao me virar vi ele morto com dois buracos de bala no coração. Fábio estava com cara de quem não entendeu e estava gesticulando para que eu voltasse à luta. Quando me levantei, eu me dei conta da imensidade do salão, ele era do tamanho da sala de treinamento do senhor Ulisses, só que ao invés de ter armas de treinamento, estava repleto de monstros.

Pietro estava atirando adoidado, montado em um cavalo selvagem que dilacerava todos os monstros no caminho. Eu tentei associar o cavalo com algum mito, e tive uma vaga impressão que aquele cavalo tinha alguma relação com Hércules e seus trabalhos, mas não tinha certeza. Pietro vinha com o cavalo em minha direção, então eu pulei no lombo do animal e peguei uma arma antiga, provavelmente do ano de 1579, carregada com balas especiais para monstros. Eu comecei a atirar em monstros durante uns quarenta minutos, e durante esse tempo, eu tive a leve impressão de que Fábio estava dilacerando alguns monstros com as próprias mãos. Ao término dos quarenta minutos, a sala toda ficou vermelha e Fábio parou de dar atenção aos monstros. Ele andou até uma parede, e estranhamente nem um monstro o atacou no percurso, todos eles estavam parados com medo. Quando Fábio chegou a parede ele apertou um botão, e um som como um alarme de invasão soou em toda a sala. Os monstros correram com medo – inclusive o que eu e Pietro estávamos montados, tanto que tivemos que pular do cavalo – até o outro lado da sala, e então eles foram vaporizados.
...
Fiquei realmente impressionado com a destreza com que Fábio lutou contra os monstros. Admirava-me ele não ser da Elite. A técnica de luta dele era diferente de tudo que eu já havia visto; era como se fosse uma mistura de tudo com um toque mais pessoal. Ele lutava como um bárbaro do futuro, mas com técnicas Greco-Romanas bem sutis. Impressionante, essa era a palavra que definia seu estilo de luta.
Ele se aproximou de nós e pediu que o seguíssemos. Ele nos levou até uma sala menor que era seu escritório e pediu que sentássemos. Ele se sentou numa poltrona reclinável a frente de uma mesa de vidro. Já nós, nos sentamos em cadeiras acolchoadas. Ele tomou a palavra e disse:
 –Bem garotos vocês lutam mui bem – começou ele e depois nos fitou – Mas o que eu quero saber é quem os mandou aqui.
–O “chefe” e o Sr. Ulisses – respondi rapidamente.
–Ah, então você deve ser o Devon – falou ele com um sorriso na cara – É um prazer conhecê-lo. Eu, como você já deve ter ciência, sou Fábio, apelidado de “louco”.
–É tipo isso – dei de ombros.
–Ora, esses caçadores me acham louco só por causa da minha sala de testes.
–Você chama isso de sala de testes? – disse Pietro incrédulo.
–Claro – ele sorriu e observou a sala com um brilho diferente no olhar – Eu busco monstros de todo o mundo só pra que eu mesmo possa matar. E depois os que eu não consigo são mandados para seus respectivos infernos.
–Como consegue manda-los para o inferno de uma vez? – perguntei curioso. – Digo, precisaria de uma canalização de poder incrível. Não acho que se quer a Rússia produziria algo desse tipo.
–Bem...
Fábio disse olhando Ra mim e depois pra Pietro e depois de novo pra mim e depois de novo pra Pietro; ele fez isso pelo menos três vezes, então finalmente disse:
–Acho que posso mostrar pra vocês – ele olhou pros lados e escondeu a lateral da boca com uma das mãos – Venham comigo.

Ele começou a descer por uma pequena escada até o porão. Nós o seguimos, mas assim que tudo ficou escuro... eu apaguei de vez.
...
Quando eu acordei estávamos num duelo acirrado: uma Quimera e estava lançando projeteis, e em quanto isso nós nos defendíamos em pedras. Eu estava deitado em um chão gelado e coberto por um pano grosso e quente. Eu não consegui tira-lo de cima de mim e comecei a sentir fortes dores no ombro. A minha vista começou a escurecer, e então eu percebi que o lugar já era escuro.
A ultima coisa de que tinha alguma lembrança era de ter descido no porão, e agora eu, Pietro e Fábio estávamos lutando contra um monstro. Se bem que eu não estava participando do combate.
Eu fiquei sem me mexer por uma hora, e nesse período eu fiquei mentalizando várias estratégias. Quando Fábio finalmente deu o tiro que matou a coisa eles tiraram a o pano de mim e mediram minha temperatura. Eu perguntei a eles o que houve e a resposta que Pietro me deu foi:
–Não se lembra de nada?
Eu realmente fiquei assustado. Perder a memória era a pior coisa que se podia acontecer a um Mestiço. Em seguida vinha ser morto por um aliado e depois trair os caçadores. Claro que se o Mestiço perdesse a memória não se lembraria se trocou de lado. Mas em fim, eu comecei a fazer algum esforço e acabei tendo lampejos de lembranças, mas era tudo tão embaçado que eu não consegui lembrar praticamente nada. Tudo que lembrava era um cara me arrastando depois que eu fui ao porão. Assim que eu organizei minha mente perguntei:
–Onde estamos?
–Bem – falou Fábio colocando a mão na nuca e olhando pros lados – é difícil dizer... Podemos estar debaixo da sala do Shaka Zulu ou debaixo do refeitório da CDM.
–Quê? Você disse “debaixo”?
–É. Tipo isso. – Respondeu ele de cara e depois bufou – Mas acho que vamos ter que andar muito até voltarmos lá pra cima.
–Uou, calma ai – interrompi ele – Vocês deveriam me explicar o que aconteceu, não acham?
–Tem razão – disse Pietro – E depois que você ouvir, eu também vou querer algumas respostas.
Eu não entendi o que ele quis dizer com aquilo, mas eu assenti com a cabeça o incentivando a contar.
–Bem – começou Pietro sério – Depois que os descemos ao porão para ver a fonte de poder que ele usava para liquidar os monstros.
–Sim dessa parte eu me lembro – interrompi
–Certo – falou Pietro impaciente – agora me deixe  concluir.
–Certo – respondi
Ele fez um sinal para que eu me calasse e continuou:
–Como eu ia dizendo, nós déssemos até o porão, mas misteriosamente fomos apagados. Só depois descobrimos que o “canalizador d poder” do Fábio estava vazando uma massa de ar escura, e era muito nocivo. Nós acordamos em uma sala de manutenção antiga. Acontece que a parte de baixo da CDM tem uma conexão com o mundo mortal e essa conexão é dada pelo esgoto. É como se houvesse uma porta e um cano transpassando ela: de um lado é o mundo mortal; do outro é a CDM dentro do Duat; e o cano representa o canal de esgoto que a CDM usa. Ele serve como um esgoto comum, mas é bem antigo e tem uma conexão com o mundo mortal. É um pouco difícil de entender, mas isso não é o importante. Depois que o Fábio descobriu esses túneis de esgoto, ele começou a explorar tudo. Em uma de suas buscas ele encontrou uma máquina bem louca que ninguém sabe de onde é. Era mágica e tinha – e ainda tem – um grande poder destrutivo. Fábio pegou essa máquina e a escondeu nos túneis. Ele começou então a estudar a máquina e a colecionar monstros. Ele conseguiu adestrar alguns e manteve-os, mas os que ele não conseguiu adestrar condenou para o extermínio com a tal máquina. Ele então começou a treinar com esses monstros, e quando não conseguia vencer ele os exterminava.
Ele deu uma pausa e olhou pra Fábio. Era como se ele estivesse pedindo permissão para continuar. Fábio fez que sim com a cabeça. Ele acompanhava a história com os braços cruzados e aquele havia sido o único movimento feito por ele desde o início da narrativa. Depois disso Pietro continuou:
–Quando nós déssemos pra ver a máquina, a substância mágica que tinha nela estava perdendo efeito. Eles – seja lá quem tiver sido o dono da máquina – haviam passado uma mistura mágica nesse instrumento de tortura que funcionava como uma tinta. Agora, depois de vários e vários anos, essa “tinta” está saindo. O ar aqui em baixo está muito contaminado com essa substância mágica, e agora precisamos entrar em contato com alguém lá em cima.
–Por que não quebramos o chão de alguma sala lá de cima e passamos pelo buraco? – perguntei.
–Correríamos o risco de contaminar todos lá em cima. – falou Fábio.
–Quer dizer que nós estamos contaminados? – perguntei incrédulo.

–Bem... – Pietro coçou a cabeça – é agora que eu vou querer minha explicação.